Place and shape
Pedro Vaz, 2006
The landscape, perceived as being the material result of all natural and social processes that occur in a specific place, to me, its forms are like a synthesis of all the functional elements of those processes.
The landscape functions as a tool, as a medium, for my own exercise or practice of painting. But the topic “Landscape,” the natural landscape, is much more than that, it’s a source of inspiration. It encompasses all the magic that is underlying something unknown to us, integrates the need to search and explore a path not knowing where it will lead, always expecting to find an intact place, that man hasn’t reached, a primordial place where everything begins.
There are two moments inherent to the work, which result from the interdependency between themes, such as:
1 – Shape, immediate, “the organic character of physical matter”*, of “painting’s corporality”*, of existence. There is no greater attestation to existence than the actual matter of the works, the permanent cause of all our sensations, through the empathy created in the relationship with the subject, in this case the spectator. Looking for formal diversity, creating and recreating always through a guiding line, mutating the assumption.
2 – Place, is the source of inspiration, the need to search for a place, not knowing if it exists, natural, virgin, where man may be at balance with himself. It’s Nature, whose figuration became mysterious, but the need to recreate that place is instantly formed by the Artist himself. “The dialogue with nature is a condition for the artist. The artist is a human being, he is nature and a part of nature, in nature’s space.”**
There is an “indifference regarding the traditional contours of figuration and abstraction”, thus I oscillate between one field and the other without fixating in any, questioning the representation, simulating the figurative Nature, but with a strong tendency towards abstractionism, not wanting to make the landscape unrecognizable. Color is used sometimes, in an anti-natural sense, intuitive as to aid the abstraction and regularize, or not, the chromatic intensities.
The deconstruction of the image not only aims to question the representation, but also, with the intention of creating forms that aren’t familiar, that don’t strike us or immobilize us. The abstraction only swipes parts of the figure, but maintains some of its important aspects.
“Maybe nature’s greatness in relation to man, only renders him incapable of understanding it.” 1. Maybe here lies the explanation of why man disrespects the values established by Nature – it’s also inevitable for me, as has always been the case for humanity. My own attitude, on the other hand, is nothing but another way of measuring forces against Nature, measuring myself. This attitude has to do with the appropriation of raw matter, which allows me to recreate once more the environment, this time with a different purpose: not only as an act of artistic creation, but also, a political act. Thus, it’s a creative process that appropriates Nature, which transforms the landscape, catalyzed and mediated by my presence in society.
In practice, my creative process is a fusion of two processes: figurative, through the representation, by means of a figure (photograph), delineate, assume, imagine drawing and, on a second level, to make the figurative representation abstract, rendering it informal through its own registration, always exploring the asymmetry, the chromatic game and the articulation between lines in a geometric equilibrium, valuing the importance of composition.
* Carlos Vidal, “O Peso do Olhar.”
** Paul Klee, “Escritos Sobre Arte”, p.46, Cotovia, Lisboa, 2001
Forma e Lugar
Pedro Vaz, 2006
A paisagem, entendida como sendo o resultado material de todos os processos naturais e sociais ocorridos num determinado lugar, surge-me como que construída nas suas formas a partir da síntese de todos os elementos funcionais desses processos.
A paisagem funciona para mim como uma ferramenta, como um medium para o meu próprio exercício ou prática da pintura. Mas o tema Paisagem, a paisagem natural, é bem mais do que isso, é fonte de inspiração. Comporta toda a magia que existe por de trás de algo que não conhecemos, integra a necessidade de procurar e explorar um caminho sem saber onde ele vai acabar, estando sempre à espera de encontrar um lugar intacto, onde o homem ainda não tenha chegado, um lugar primordial onde tudo começa.
Existem dois momentos inerentes ao trabalho e estes resultam da dependência entre temas como os da:
1 - Forma, Imediata, “organicidade da matéria física”₁, da “corporalidade da pintura”₁, da existência. Não há maior facto de existir do que a própria matéria das obras, matéria que é a causa permanente de todas as nossas sensações, através da empatia criada na relação com o sujeito neste caso o espectador. Procurando a diversidade formal, criando e recriando sempre através de um fio condutor, mutando o pressuposto.
2 – Lugar, é a fonte de inspiração, necessidade de procurar um lugar sem saber se ele existe, natural, virgem, onde o homem possa estar em equilíbrio com ele próprio. É a Natureza, A sua figurabilidade tornou-se misteriosa, mas a necessidade da recriação desse lugar é instantaneamente formada pelo próprio Artista. “O diálogo com a natureza é condição para o artista. O artista é um ser humano, é natureza e uma parte da natureza no espaço da natureza.”₂
Existe uma “indiferença para com os contornos tradicionais da figuração e da abstracção”₁, assim oscilo entre um e o outro campo sem me fixar em nenhum.
Questionar a representação, simulando e figurando a Natureza, mas existindo uma forte tendência para o abstraccionismo, não querendo tornar irreconhecível a paisagem. A cor é usada por vezes, num sentido antinaturalista, intuitiva de forma a auxiliar a abstracção e de forma a regularizar ou não as intensidades cromáticas.
A desconstrução da imagem não só pretende questionar a representação, mas também e com o sentido de criar formas que não nos sejam familiares, mas também que não nos agridam ou imobilizem. O lado abstracto apenas varre partes da figura, mas mantém alguns aspectos importantes da mesma.
“Talvez a grandiosidade da natureza em relação ao homem o torne incapacitado para a compreender.”₁. Talvez radique aqui a explicação do homem desrespeitar os valores estabelecidos para com a Natureza e para mim também é inevitável, da mesma forma que a humanidade sempre o fez. A minha própria atitude não deixa também, por outro lado, de ser mais uma forma de medir forças com a Natureza, medindo-me a mim. Essa atitude passa pela apropriação de matérias-primas, que é o que me permite recriar mais uma vez o Meio Ambiente, e desta vez com um propósito diferente: não só como acto de criação artística mas também como acto político. Sendo assim, é um processo de criação que se apropria da Natureza, que a transforma em paisagem, mas catalisado e mediado pela minha presença na sociedade.
Na prática o meu processo de criação é uma fusão de dois processos, ou seja: Figurar através da representação, por meio de uma figura (fotografia), delinear, supor, imaginar desenhando e, num segundo plano, abstractizar a representação figurativa, tornando-a informal através do seu próprio registo, explorando sempre a assimetria, o jogo cromático e a articulação entre as linhas num equilíbrio geométrico, valorizando a importância da composição.
1 - Carlos Vidal, O Peso do Olhar.
2 - Paul Klee, escritos sobre arte, p.46, Cotovia, Lisboa, 2001